quarta-feira, 29 de abril de 2015

Adoradores e Canções

Sinceramente, eu ando fazendo um esforço gigantesco para tentar entender o que mudou na relação entre adoradores e canções.

Você assim como eu, já deve estar cansado de ouvir pessoas desde as mais vividas, até as mais novas dizerem: “Sabem aquela canção que cantávamos na igreja?” “Ah, naquele tempo sim, víamos uma adoração sincera e real no meio da igreja, mas hoje o que vemos é muito ritmo, muito oba, oba e pouquíssima adoração!” “Ô saudade do tempo em que no evangelho se vivia a sinceridade!”.

Faço coro a estes que com muita saudade se lembram dos tempos de outrora, no que tange a sinceridade da maioria dos membros que constituíam as comunidades Evangélicas. Realmente eram pessoas mais puras, mais dedicadas, mais compromissadas e comprometidas com o que faziam.

Ao falar assim, pode ser que muitos pensem que sou uma daquelas pessoas saudosista, que vivem acorrentadas no passado, fiquem tranquilos, pois não sou uma delas. Até porque tenho um forte desejo de ver o que Deus tem preparado no futuro para mim, e, quem vive preso ao passado, jamais terá um presente digno, e infelizmente e consequentemente, também não terá um futuro.

Mas fazendo um comparativo, a verdade é que realmente a igreja era outra mesmo, e o que posso fazer a respeito é tão somente fazer no presente melhor do que já fora feito no passado, e me alegrar com as saborosas lembranças que restaram e sentir saudades imensas, sem tentar transportar para o meu presente o que já não mais existe.
Por outro lado, não harmonizo com os mesmos quando dizem afirmadamente que os motivos de uma adoração decadente nos dias de hoje, são as músicas mais ritmadas e as letras com poesias mais rebuscadas.

Levemos em consideração que os tempos de hoje diferem em muito dos tempos de outrora, os meios de comunicação e as formas de se comunicar são outros, hoje as informações chegam até nós com uma velocidade assustadora, que às vezes não dá nem mesmo tempo de as assimilarmos.

que na verdade quero dizer, é que temos hoje um conhecimento infinitamente mais aguçado dos que os nossos irmãos de antigamente e assim como evoluímos em entendimento, as demais coisas a nossa volta também evoluíram e se diversificaram, quase que infinitamente e, cada dia mais, vemos em todas as áreas a continuidade dessa diversificação.

A música por sua vez, também esta dentro desse universo evolutivo.

A música que se ouvia há dez, vinte, trinta... Anos atrás, já não tem a mesma aceitabilidade atualmente, ou seja, já não comunica com a mesma facilidade de antes, por isso se faz necessário à utilização de novas técnicas e estilos modernos, a fim de se alcançar os objetivos desejados.

Transito com segurança por esse assunto, porque além de ser nascido num lar de ministros e levitas, o que me proporcionou ver e viver parte da transformação de nossa música, também sou um exímio apreciador das canções antigas e de seus intérpretes, dos quais não me furtarei o prazer de citar alguns, como: Luis de Carvalho, Leni Silva, Elon Cavalcante, Josias Menezes, Oseias de Paula, Elson Rodrigues, Joselly Scarabelli, Jorge Araujo, Sara Araujo, Izaias Mendes, Vitorino Silva, Elida Lamounier, Eula de Paula, Zilanda Valentin, Valdomiro Silva, Eliel Rosa, Niltinho, Matheus Iensen Edson e Telma e muitos outros que vieram antes desses. É, a lista é gigante mesmo.
Acabo de citar cantores tão antigos que provavelmente a grande maioria dos leitores nunca tenha ouvido falar desses desbravadores da música evangélica.

Ainda hoje me delicio com as canções inspiradoras destes cantores e cantoras maravilhosos, pioneiros desta, hoje conhecida como música gospel.

Depois desta geração pioneira de cantores veio outra, e depois outra, e outra, e outra... até chegarmos aqui.

Quem já viveu um pouquinho mais, se lembra dos grupos: Êxodos, Vencedores Por Cristo, Elo, Logos, Som Maior, Jovens da Verdade, Novo Alvorecer, Solene Som, Sonoros,... que atuaram nos anos 70, e depois deles nos anos 80, as Bandas: Rebanhão, Sinal de Alerta, Azul, Banda&Voz, Grupos Servos, porém Livres,... e muitos outros que nos conduziram a adorar a Deus com uma liberdade como nunca poderíamos pensar, e que foram indiscutivelmente, o marco da nova música evangélica, que a partir de então, passou a se chamar Gospel.

Pois é, lembram que essas bandas e cantores dos anos oitenta, assim como as dos anos 70 eram repudiados pelos mais conservadores?

E no entanto, hoje, muitos dos mesmos conservadores falam dessas canções e as cantam com gozo por serem estas espirituais.
Não posso negar que adoração genuína, vinda do coração esta indo de ralo abaixo ou para o espaço. Porém, isso nada tem a ver com a evolução musical no mercado gospel, e sim, com a involução do caráter humano.

É impossível falar de adoração, sem falar de caráter, pois a qualidade da adoração é equivalente à qualidade do caráter do adorador.

Serei ainda mais enfático, é impossível alguém adorar com integridade, se for dúbio o seu caráter.
Quem diz que não está vendo adoração genuína nos cultos da igreja que frequenta, está atestando que nem mesmo ele tem presenteado a Deus uma adoração verdadeira.

Não podemos crucificar as canções contemporâneas pela escassez de adoradores, quando na verdade, a adoração independe dos recursos provenientes das inovadoras tecnologias de ponta que servem apenas para aumentar a qualidade, amplificar e difundir melhor uma obra. Independe das avançadas e aguçadas técnicas vocais ou dos dons e talentos musicais das pessoas.

O adorador é aquele que presenteia a Deus com a sua adoração, que é o reconhecimento de sua pequenez comparado a grandeza de Deus, e entende que só Ele (Deus) é digno de honra, glória e louvor...

Sendo assim, se está faltando adoradores verdadeiros na igreja, não estamos falando apenas de cantores, cantoras, músicos e suas obras músicas, estamos falando de algo que é bem mais profundo e generalizado, estamos falando de todos, inclusive daqueles que “adoraram” o saudosismo.

Deus não chamou uma classe especifica para adorar, pelo contrário, o próprio Jesus nos diz em João 4:23, que o Pai (Deus) procura verdadeiros adoradores, nos sinalizando que qualquer um pode adorar, que qualquer um, que queira ser achado por Deus, deve adora-Lo em verdade.

E mais, este versículo nos mostra também que nem todos que demonstram estar adorando, estão realmente adorando. Seja este, músico, cantor, pastor, porteiro, diácono, criança, jovem, velho...

É imperioso que esse saudosismo que é tão contagiante, quanto altamente nocivo, seja desarraigado de nosso meio. Ele é preocupante ao extremo porque, pessoas que nem sonhavam em nascer naquela época tão distante, dizem bem alto e com um imenso pesar: “Que saudades eu tenho da igreja que não conheci”.

Peço encarecidamente, que não aprisione mais ninguém no passado que é seu e, liberte-se você também desse passado que te impede de crescer e de ter novidades de vida.

Viva de maneira intensa e sábia o seu presente, com todos os aprendizados do passado, mas sempre na esperança de alcançar o brilhante e majestoso futuro que o Senhor te tem reservado.

Aprenda a valorizar o antigo, sem depreciar o novo.

Pelos Laços Do Calvário,
Wilflen Affonso